A CAPOEIRA DA ESCOLA: UMA ABORDAGEM CRÍTICA ACERCA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
“As sinergias musculares que caracterizam fisiologicamente o movimento humano serão tanto mais ricas quanto mais trouxerem no seu bojo uma expressão significativa da própria vida. Caso contrário, tornam-se gestos mecânicos em nada diferentes de que é capaz um robô ou outra máquina qualquer “…
João Paulo Subirá Medina
Resumo
O ensino da capoeira, como conteúdo
curricular nas aulas de educação física, tem provocado alguns
questionamentos e polêmica entre a “família” escolar. Provavelmente,
reflexo de uma sociedade impregnada de valores e pré – conceitos que
torna essa prática esquecida(ou excluída) por pensamentos racista e até
mesmo machista.
A capoeira, na proposta aqui
apresentada, dentro de uma perspectiva crítica, busca identificar sua
relevância educacional como um todo, saindo de um conceito restrito,
referindo-se apenas à técnica, para um conceito mais amplo.
Contudo, este estudo busca tematizar a
capoeira da escola, e não a capoeira na escola, pois a inserção deste
conteúdo, enquanto objetivos educacionais, deve propor uma visão mais
ampliada, sem enfatizar apenas a técnica dos gestos em relação a um
padrão preestabelecido, mas exercitá-la com objetivos críticos.
1- INTRODUÇÃO
O ensino da capoeira, como conteúdo
curricular nas aulas de educação física, tem provocado alguns
questionamentos e polêmica entre a “família” escolar. Provavelmente,
reflexo de uma sociedade impregnada de valores e pré – conceitos que
torna essa prática esquecida (ou excluída) por pensamentos racista e até
mesmo machista. Alguns estudiosos como Antônio Chizzotti, coordenador
do curso de pós graduação em educação da PUC-SP, Maria José Feres,
secretária de Educação Fundamental do Ministério da Educação, mostram-se
preocupados com este assunto, principalmente no que diz respeito à lei
federal que obriga as escolas de Ensino Fundamental e Médio – públicas e
privadas – a incluir no currículo, como tema transversal, a História e
Cultura Afro-Brasileira. Será que a criação de leis é a maneira correta
de levar esse tipo de questão para as aulas?
Afirma Chizzotti (2003) que a inclusão
não deve ser um tema imposto, deve-se brotar dos docentes e apresentar
um aspecto não formal, pois, do contrário, dificultaria essa abordagem
dentro da escola.
Segundo Cabral (2003) o próprio governo
mostra-se preconceituoso no que diz respeito à diversidade cultural.
Afirma também, que assim como os afros -descendentes, todas as pessoas
tem o direito de ter suas tradições e culturas estudadas na escola; o
problema é a falta de formação dos professores e ausência de materiais
de apoio atualizados.
Neste sentido, o estudo a ser
desenvolvido busca tematizar e redimensionar a capoeira dentro do espaço
escolar através de uma perspectiva crítico-educacional. O trabalho
tenta (re) construir um novo sentido da capoeira, metodológica e
pedagogicamente estruturado, cujo ensino não estará voltado a uma
prática puramente técnica, mas com responsabilidades culturais e
sociais.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral
O presente trabalho apresenta como
objetivo geral a importância da capoeira, como conteúdo nas aulas de
Educação Física, nas escolas estaduais de ensino regular de 5ª a 8ª
séries do Ensino Fundamental.
1.1.2 Objetivo Específico
Redimensionar o processo de ensino-aprendizagem da capoeira, enquanto conteúdo escolar.
Incentivar, através da capoeira, a
valorização da cultura afro-brasileira e o compromisso com processo
histórico, buscando promover a igualdade entre as raças, sem opressão e
discriminação, pela construção de uma sociedade mais justa, livre e
democrática.
1.2Justificativa
A capoeira, enquanto conteúdo curricular
nas aulas de educação física, nesta proposta aqui abordada, atenta-se à
necessidade da valorização da cultura afro-brasileira, cuja intenção
didático-metodológica é (re) construir um novo sentido, uma nova visão
acerca da capoeira, com expectativas educacionais e “formadora” do
cidadão.
Como forma de oferecer subsídios
concretos à prática da capoeira na escola, a proposta do ensino da
capoeira de 5ª a 8ª séries não se concretiza de forma aleatória. Foi
necessário de levar em consideração, nesta fase, alguns elementos que
norteiam o universo cultural desses alunos – como racismo, machismo –
etc.
O estudo proposto provém da necessidade
de desenvolver, de forma crítica, uma metodologia do ensino da capoeira
nas escolas com valores e procedimentos pedagogicamente estruturados,
com o intuito de promoção humana e valorização da cultura
afro-brasileira.
2- REVISÃO DE LITERATURA
2.1- A Capoeira e Sua Origem
Segundo Falcão (1996) a capoeira é uma
manifestação da cultura popular brasileira que reúne características bem
peculiares: mista de luta, jogo, dança, praticada ao som de
instrumentos musicais (berimbau, pandeiro e atabaque), palmas e
cânticos. É um excepcional sistema de autodefesa e treinamento físico,
destacando-se entre as modalidades desportivas por ser a única
originalmente brasileira e fundamentada em nossas tradições culturais.
Não sabemos ao certo a origem da
Capoeira, alguns pesquisadores acreditam ter vindo da África. Outros
afirmam ter sido criada no Brasil pelos escravos na sua luta pela ânsia
de liberdade.
Estudos científicos, como o clássico
“Capoeira Angola” — Ensaio Sócio-Etnográfico (Rego -1968), procuram
comprovar que ela é brasileira. Até porque nem um pesquisador conseguiu
encontrar nada de concreto que levasse a crer que a Capoeira fosse
africana. O que se sabe é que na África existia “O Jogo de Zebra”, ou
N’Golo. Uma dança que era praticada com bastante violência. Esse jogo
fazia parte de um ritual de passagem da infância para a vida adulta,
onde os negros lutavam em um pequeno recinto e os vencedores poderiam
desposar as meninas da tribo, que ficavam “mocinhas”, sem o pagamento
dos dotes tradicional.
Passos (1992) alega que o grande motivo
pelo qual não conseguimos provas documentais para resolver a polêmica se
a Capoeira é africana ou brasileira, é o fato de Rui Barbosa, então
ministro da fazenda do governo de Deodoro da Fonseca, ter mandado
queimar todos os documentos com relação à escravidão no Brasil. Ato que
praticou dizendo ser necessário para apagar da memória da nação o fato
de o país ter sido ano antes, escravocrata. No entanto, sabemos haver
outras razões, dentre elas, evitar o pagamento de indenizações aos
senhores de engenho e aos escravos libertos.
O nome “CAPOEIRA”, segundo Alencar e Soares (1880) citado por FALCÃO (1996), deu-se
em função do seguinte: Os Escravos ao fugirem para as matas tinham nos
seus encalços esses famigerados Capitães do Mato, enviados pelos
senhores; os escravos em fuga reagiam e os atacavam, nas clareiras de
mato ralo, cujo nome é capoeira – propunha, também, que o vocábulo vinha
do tupicaa-apuam-era -, dando-lhes, com os pés, mãos e cabeças
surras ou até mesmo matando-os. Porém os que sobreviviam voltavam para
os seus patrões indignados. Estes perguntavam: “Cadê os negros?” E a
resposta era: “Eles nos pegaram na capoeira”. Referindo-se ao local onde
foram vencidos.
Para Rego (1968), a Capoeira no meio das
matas era praticada como luta mortal. Já nas fazendas, era praticada
como brinquedo inofensivo, pois ela estava sendo feita sob os olhares
dos Senhores de Engenho. Naquele momento se transformou em dança. Para
disfarçarem a luta utilizavam a ginga, a base de qualquer “capoeirista”;
e é dela que saem todos os golpes. Esse disfarce foi fundamental para a
sobrevivência dos escravos, pois a Capoeira é, principalmente, na sua
origem, uma luta de resistência.
Segundo Passos (1992) é costume dividir a capoeira em três períodos: escravidão, marginalidade e ensino nas academias.
Esta visão tenta mostrar em poucas palavras uma visão panorâmica cujo
maior mérito é ressaltar a força, a capacidade de adaptação e
sobrevivência, e a resistência da capoeira.
No período “Escravidão”, a
capoeira, uma espécie de luta, teria se disfarçado em dança para iludir e
contornar a proibição de sua prática por parte dos feitores e senhores
de engenho.
No “Marginalidade”, após a
abolição da escravatura, em 1888, ex-escravos capoeiristas não teriam
encontrado lugar na sociedade e caíram na marginalidade, levando consigo
a capoeira, que foi proibida por lei.
No último período, “Academias”,
na década de 1930 foi revogada a lei que proibia a pratica da capoeira e
abriram-se as primeiras academias em Salvador, a capoeira saiu das ruas
– e da marginalidade – e começou a ser ensinada e praticada em recinto
fechado.
Para Passos (1996) por volta de 1719, os
escravos fugitivos que buscavam proteção nos quilombos – uma espécie de
forte – criaram uma luta para se defender dos brancos. Inspirado nos
movimentos dos animais, os escravos adaptaram alguns “golpes”, como o
“pulo do macaco”, o “bote do lobo”, a “cabeçada do touro”, o “coice do
cavalo”, à mecânica humana. Os senhores de engenho que observavam a
manifestação dos escravos, quando em dias de folga, chamavam-na de
“brincadeira dos angolas”, ou vadiação dos angolas”, por serem os negros
“bantus” procedentes de Angola os que mais se davam à prática daquela
atividade.
Passos (1996) nos fala que com
características de dança e com seu aspecto lúdico, aquela manifestação
muitas vezes deixava transparecer o seu poder de luta. A velocidade dos
movimentos e a destreza com a qual esses eram executados, colocavam em
risco a integridade física dos próprios escravos, bem como a integridade
física e moral dos seus opressores. Um escravo machucado traria
prejuízo ao seu dono e um escravizados agredido ou morto seria uma
ofensa aos grandes senhores e a prática da capoeira foi proibida.
2.2-A Dança, O Jogo, A Luta
“vadiação, brincadeira, são outros
nomes com que os negros designavam na Bahia o jogo de capoeira. Capoeira
se luta, joga e dança, é algo que se faz entre amigos e companheiros.”
(SODRÉ, 1988: 202)
Não se pode dizer que a capoeira é só
luta, ou só dança, ou só jogo. Na verdade estas três atividades se
misturam, interpenetram. Para Falcão(1996) a capoeira é ao mesmo tempo
luta, dança e jogo embora seu praticante seja definido como jogador e
não lutador ou dançarino. Entre os capoeiristas, “jogar capoeira” é mais
usual do que “lutar capoeira”. Na roda de capoeira o jogador é livre
para jogar como e quando quiser, sem a pretensão de obter qualquer
lucro. A capoeira “jogada” consegue atender à necessidade de fantasia,
justiça e estética, despertando o gosto pelo inesperado, pelo
imprevisível.
Segundo Passos (1992) o jogo, na
capoeira, representa uma constante negociação (sobretudo corporal) em
que cada capoeira procura ampliar cada vez mais o seu volume. Por mais
que se pretenda minuciosa, a descrição dos expedientes gerados em um
jogo de capoeira jamais refletirá a riqueza dos fatos em si.
A dança, na capoeira, segundo Reis
(1997), se expressa no gingado centrado nos quadris. No acompanhamento
do ritmo do berimbau, os capoeiristas descrevem círculos imaginários
dentro da roda, tendo a luta e o jogo também como uma forma de dança,
remetendo a capoeira situada entre o lúdico e o combativo.
Afirma Falcão (1996) que a capoeira
enquanto luta, remonta às suas origens. O “jogo e a dança” contribuem
para uma dissimulação do aspecto “luta” na pratica da capoeira, à medida
que não acontece o confronto direto, mas uma constante simulação de
ataques e defesas, mediadas pela “ginga” numa interação dança-luta-jogo.
Neste sentido, o capoeira mais competente é aquele que mostra que
poderia acertar um golpe, mas não o faz, com isso possibilita a beleza e
a continuidade da própria luta-dança-jogo.
Tendo em vista esta tríade
(luta-jogo-dança) a capoeira deve ser vivenciada e analisada a partir de
uma dimensão mais ampliada. O principal desafio dos futuros capoeirista
não deve ser “lutar” contra o “camarada”, individualmente, como
acontecia antigamente. O capoeirista deve lutar contra qualquer tipo de
opressão, discriminação e pela construção de uma sociedade mais justa,
livre e democrática.
2.3 – A Musicalidade
Outro aspecto importante do ensino da
capoeira na escola é a questão da musicalidade. A variedade
instrumental, rítmica, existente na capoeira é rica e por isso se torna
um ótimo conteúdo a ser trabalhado no meio escolar. Segundo Falcão(1996)
esse contato com a música leva o aluno a explorar o universo da música
identificando a origem e função dos instrumentos e dos cânticos na
capoeira.
Afirma Passos (1992) que a capoeira apresenta em todo seu contexto musical: Instrumentos como o berimbau, o caxixi, o pandeiro, o atabaque, o reco-reco e o agogô. Uma outra forma rítmica da capoeira são as palmas.
Falcão (1996) afirma que os Cânticos
que constituem–se em elementos dinâmicos dão à capoeira uma
peculiaridade notável e a torna como a única luta no mundo em que seus
lutadores se confrontam ao som de cânticos executados pelos demais
componentes. Classificam-se em ladainhas, chulas ou quadras e corridas. Durante a ladainha não se deve jogar e é cantada ao toque de angola. Oscorridos são cantos curtos, geralmente formados com um verso apenas, em que o coro deve repetir a frase do “puxador”.
2.4 – A Capoeira e seu Referencial Lúdico
“a diversão traz consigo a medida do
homem: ela também eleva à esfera da consciência ou
ao plano da ação, certas distinções fundamentais para
o comportamento humano”. (FERNANDES, 2001p. 57)
Para Tavares (1964) citado por FALCÃO
(1996) a capoeira sempre apresentou característica festeira, lúdica;
isto é notório desde o seu surgimento. Por isso pode-se dizer que a
ludicidade constitui em um dos elementos de destaque da capoeira. Rego
(1968) enfatiza este fato ao afirmar que os negros de angola, os
primeiros e mais numerosos dentre os escravos, eram férteis em recursos e
manhas. Tinham manias por festas, pelo reluzente e pelo ornamental.
Rego (1968) mostra a idéia do vínculo entre ludicidade e luta como componentes da capoeira:
“primitivamente a capoeira era folguedo que os negros
inventaram, para os instantes de folga e divertirem a
si e aos demais nas festas de largo, sem, contudo,
deixarem de utilizá-la como luta, no momento preciso para sua defesa”(REGO1968: 359).
Tendo em vista essas considerações e,
para um melhor desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da
capoeira, pode-se dizer que a questão do lúdico, além de estar presente
no contexto histórico da capoeira, deve fazer parte, também, da proposta
pedagógica no processo de ensino-aprendizagem da mesma.
2.5- O Compromisso com a Historicidade
O ensino da capoeira, como conteúdo
curricular nas escolas, abordado neste estudo requer um compromisso com o
seu processo histórico. Métodos que enfatizam apenas o técnico,
performance, não fazem sentido quando trabalhados unicamente.
Para Falcão (1996) a capoeira deve ser
vivenciada e analisada a partir de suas próprias mudanças, de sua
leitura histórica, de seus condicionantes, de modo a permitir o
desvelamento de suas contradições.
Segundo Vieira (1995) períodos e fatos
históricos, como a escravidão no Brasil e os regimes autoritários de
Getulio Vargas, estão intimamente relacionados com a capoeira.
Assim esses fatos históricos
reatualizados através de cantigas e rituais, ao ser trabalhado
pedagogicamente pelo professor, pode configura-se como importantíssimo
elemento no processo de entendimento da realidade sócio-histórica
brasileira.
Afirma Falcão (1996) que um dos caminhos
para exercitar essa reatualização histórica é uma consistente análise
crítica da capoeira em sua trajetória. Não no sentido de sua realização
apenas pelo viés do espetáculo, retornando à sua gênese, mas no sentido
de compreendê-la melhor e ampliar os horizontes para a mesma.
2.6- A Capoeira e a Educação Física Escolar: uma proposta crítico-educacional
O ensino da capoeira nas escolas, como
conteúdo curricular nas aulas de educação física, é uma proposta
relativamente recente que vem provocando alguns questionamentos e
polêmicas entre estudiosos da educação, acadêmicos e capoeiras. Ao ser
abordada em um outro contexto, com objetivos educacionais, a capoeira
necessita de incorporar códigos e valores diferentes daqueles
vivenciados na sua origem e nas “academias de capoeira”. O que se
pretende e torna-se um grande desafio, nas escolas, é essa transmutação
da capoeira, pedagogicamente estruturada com finalidades
crítico-reflexiva, rompendo com os preconceitos – racial e machista -.
No que diz respeito à cultura
afro-brasileira, importantes conquistas na educação foram alcançadas.
Primeiro foram os “Parâmetros Nacionais Curriculares” (PCNs), que
orientam a promoção da igualdade em um dos temas transversais,
Pluralidade Cultural. Uma outra conquista significativa para o ensino
foi a lei federal nº 10.639, cujo documento determina que a historia da
África seja tratada em perspectiva positiva, não privilegiando somente
as denúncias e misérias que atinge o continente. Mas, será que a criação
de leis é a maneira correta de levar esse tipo de questão para as
aulas?
Afirma Chizzotti (2003) que a inclusão
não deve ser um tema imposto, deve-se brotar dos docentes e apresentar
um aspecto não formal, pois, do contrário, dificultaria essa abordagem
dentro da escola.
Segundo Cabral (2003) o próprio governo
mostra-se preconceituoso no que diz respeito à diversidade cultural.
Afirma também, que assim como os afro -descendentes, todas as pessoas
tem o direito de ter suas tradições e culturas estudadas na escola; o
problema é a falta de formação dos professores e ausência de materiais
de apoio atualizados.
Nesta perspectiva, ficam notórios alguns
erros sobre o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas como, por
exemplo, abordar a historicidade a partir da escravidão; em vez de
aprofundar-se nas causas e conseqüências da dispersão dos africanos pelo
mundo e abordar a história da África antes da escravidão. Assim, nós
educadores, devemos reconhecer a existência do racismo no Brasil e a
necessidade da valorização e respeito aos negros e à cultura
afro-brasileira.
Este estudo busca tematizar a capoeira
da escola, e não a capoeira na escola, pois a inserção deste conteúdo,
enquanto objetivos educacionais, deve propor uma visão mais ampliada, em
uma perspectiva crítica, levando em consideração:
“que o ensino deve estar em sintonia
com o projeto político –pedagógico de transformação social
materializado pela instituição escolar, mesmo considerando que nem a
escola, nem a capoeira têm poderes para transformar radicalmente a
realidade social”. (FALCÃO, 2003, p.56)
Nesse sentido, a capoeira será tratada,
nesta pesquisa, como um processo e não simplesmente como um produto.
Esse pressuposto requer do educador um compromisso político,
considerando que não basta ter um caminho e saber caminhar, más uma
formação sólida científica e técnica para que bons resultados no meio
educacional sejam alcançados.
Para Frigério (1989) a referência
principal do ensino-aprendizagem da capoeira na escola, dentro dessa
perspectiva, é o aluno e não a capoeira por ele praticada (obviamente
sem negá-la). Dessa forma, o ensino da capoeira, como conteúdo
curricular, não tem o compromisso de aperfeiçoar a técnica dos gestos em
relação a um padrão preestabelecido, mas exercitá-la com objetivos
críticos.
Desse modo, o que mais importa, na visão
de Frigério (1989), é o aluno e suas relações com o conteúdo proposto. O
educador deve mediar essa relação, onde, professor e aluno
identificarão seus elementos centrais. A partir daí professores e alunos
elaborarão juntos um plano de entendimentos, onde decidirão estratégias
e os diferentes papéis que cada participante assumirá no processo.
Portanto, a capoeira escolar, tendo como princípio a pedagogia da luta,
não se trata de uma reprodução de modelos. Em vez de copiar gestos,
rituais e fundamentos, o processo de ensino/aprendizagem apresenta como
desafio a ampliação de conhecimentos em relação à capoeira e ao mundo,
através de uma abordagem crítica que questionam a adaptação e a
submissão e visam ao esclarecimento, a autonomia e a competência.
3 – METODOLOGIA
O presente estudo foi elaborado a partir de uma pesquisa realizada através de uma revisão bibliográfica sobre o tema: “A Capoeira da Escola: uma abordagem critica acerca da cultura Afro-Brasileira”, mediante consulta de livros e revistas.
4- CONCLUSÃO
No decorrer da pesquisa sobre a “capoeira da escola”,
ficou notório a relevância do conteúdo na busca de construir um sentido
mais amplo acerca da capoeira e seu processo de ensino/aprendizagem.
Deste modo, observa-se a importância em instigar algumas questões como: A
forma do ensino da capoeira na escola, o que deve ser privilegiado
dentro do conteúdo, qual o papel da capoeira na escola e como deve ser a
questão da avaliação.
Contudo, o profissional deve ter um
grande conhecimento do assunto, sobretudo científico, para que sua
metodologia de ensino se fundamente no sentido de poder ampliar, e
redimensionar a capoeira, dentro de uma visão crítica a fim de almejar
uma sociabilização justa, fraterna e igualitária.
5 – REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Raimundo César Alves. A Saga do Mestre Bimba, Salvador BA: editora Ginga Associação de Capoeira, 2002.
FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A escolarização da capoeira, Brasília DF: Royal Court Editora, 1996.
FRIGÉRIO, Alejandro. Capoeira: de arte negra a esporte branco. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Rio de janeiro: v.4, n.10, p.85-98, jun.1989.
KUNZ, Elenor. Didática da Educação Física 1. 3ª.ed. Ijuí RS: Editora Unijuí, 2003
MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação Física cuida do corpo…e mente. 6ª.ed. Campinas: editora Papirus,1993.
PASSOS, Nestor Sezefredo. Capoeira: Os fundamentos da malícia. 8ª.ed. Rio de Janeiro RJ: editora: Record, 2001.
REIS, Letícia Vidor de Souza. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo SP: editora Publisher Brasil, 1997.
CHIZZOTTI, Antônio. Deve ser obrigatório o ensino da História Afro-Brasileira? Revista Nova Escola: Abril, nª177, nov. 2004. p. 47-53
CABRAL, Jecinaldo. Deve ser obrigatório o ensino da história Afro-Brasileira? Revista Nova Escola : Abril, nª177, nov. 2004. p. 47-53
Autor: Marlene Aparecida Viana Abreu
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